Segunda-feira, 30 de Novembro de 2015

Banco Alimentar

Eu não colaboro.
Isto já foi denunciado várias vezes e nunca até hoje o estado, superfícies comerciais, ou a PT se disponibilizaram a abdicar da sua margem de lucro e a participar na doação.
Eu não colaboro no peditório.
Se encontrar uma pessoa com fome na rua, sou capaz de tirando dos meus fracos rendimentos lhe pagar uma refeição, mas não colaboro em peditórios organizados.
Independentemente disto conheço alguém que fazia voluntariado no Banco Alimentar Contra a fome e trazia para casa a mala do carro cheia de bens alimentares.
Há um complot entre as pessoas que fazem as recolhas de bens e os motoristas das carrinhas que os transportam em que estes passam por zonas onde estão estrategicamente estacionados os carros dos voluntários e enchem as malas.
Não será generalizado mas acontece.
Ainda há pouco tempo num supermercado perto da zona onde vivo apareceu uma organização que fizeram recolha durante um fim de semana.
Eram carros e carros a sair com as bagageiras cheias e ninguém sabia que organização era aquela.
Como única identificação vestiam uma T-Shirts azui com as palavras Voluntários SA.
Fiz várias pesquisas e não encontrei nada relacionado com VOLUNTÁRIOS SA.
Só vi foi uma quantidade de miúdos e miúdas de escola a pedir e viaturas a encher as bagageiras.
De repente desapareceram como chegaram e ninguém mais os viu.
Não colaboro e acabou.

publicado por lino47 às 19:31
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Quinta-feira, 26 de Novembro de 2015

A Despedida por Seixas da Costa

Na despedida daquilo que foi sem dúvida alguma o pior governo do pós 25 de Abril de 1974 protegido por um PR velho, senil, caquético, fanático e tendencioso, não posso deixar de partilhar com o devido respeito este magnífico texto escrito e publicado pelo Sr Embaixador Seixas da Costa
«Não lhes perdoo!
Acaba hoje aquela que constitui a mais penosa experiência política a que me foi dado assistir na minha vida adulta em democracia. Salvaguardadas as exceções que sempre existem, quero dizer que nunca me senti tão distante de uma governação como daquela a que este país sofreu desde 2011.
Não duvido que alguns dos governantes que hoje transitam para o passado tentaram fazer o seu melhor ao longo destes cerca de quatro anos e meio. Em alguns deles detetei mesmo competência técnica e profissional, fidelidade a uma linha de orientação que consideraram ser a melhor para o país que lhes calhou governarem. Mas há coisas que, na globalidade do governo a que pertenceram, nunca lhes perdoarei.
Desde logo, a mentira, a descarada mentira com que conquistaram os votos crédulos dos portugueses em 2011, para, poucas semanas depois, virem a pôr em prática uma governação em que viriam a fazer precisamente o contrário daquilo que haviam prometido. As palavras fortes existem para serem usadas e a isso chama-se desonestidade política.
Depois, a insensibilidade social. Assistimos no governo que agora se vai, sempre com cobertura ao nível mais elevado, a uma obscena política de agravamento das clivagens sociais, destruidora do tecido de solidariedade que faz parte da nossa matriz como país, como que insultando e tratando com desprezo as pessoas idosas e mais frágeis, desenvolvendo uma doutrina que teve o seu expoente na frase de um anormal que jocosamente falou, sem reação de ninguém com responsabilidade, de "peste grisalha". Vimos surgir, escudado na cumplicidade objetiva do primeiro-ministro, um discurso "jeuniste" que chegou mesmo a procurar filosofar sobre a legitimidade da quebra da solidariedade inter-geracional.
Um dia, ouvi da boca de um dos "golden boys" desta governação, a enormidade de assumir que considerava "legítimo que os reformados e pensionistas fossem os mais sacrificados nos cortes, pela fatia que isso representava nas despesas do Estado mas, igualmente, pela circunstância da sua capacidade reivindicativa de reação ser muito menor dos que os trabalhadores no ativo", o que suscitava menos problemas políticos na execução das medidas. Essa personagem foi ao ponto de sugerir a necessidade de medidas que estimulassem, presumo que de forma não constrangente, o regresso dos velhos reformados e pensionistas, residentes nas grandes cidades, "à provincia de onde tinham saído", onde uma vida mais barata poderia ser mais compatível com a redução dos seus meios de subsistência.
Fui testemunha de atos de desprezo por interesses económicos geoestratégicos do país, pela assunção, por mera opção ideológica, por sectarismo político nunca antes visto, de um desmantelar do papel do Estado na economia, que chegou a limites quase criminosos. Assisti a um governante, que hoje sai do poder feito ministro, dizer um dia, com ar orgulhosamente convicto, perante investidores estrangeiros, que "depois deste processo de privatizações, o Estado não ficará na sua posse com nada que dê lucro".
Ouvi da boca de outro alto responsável, a propósito do processo de privatizações, que "o encaixe de capital está longe de ser a nossa principal preocupação. O que queremos mostrar com a aceleração desse processo, bem como com o fim das "golden shares" e pela anulação de todos os mecanismos de intervenção e controlo do Estado na economia, é que Portugal passa a ser a sociedade mais liberal da Europa, onde o investimento encontra um terreno sem o menor obstáculo, com a menor regulação possível, ao nível dos países mais "business-friendly" do mundo".
Assisti a isto e a muito mais. Fui testemunha do desprezo profundo com que a nossa Administração Públuca foi tratada, pela fabricação artificial da clivagem público-privado, fruto da acaparação da máquina do Estado por um grupo organizado que verdadeiramente o odiava, que o tentou destruir, que arruinou serviços públicos, procurando que o cidadão-utente, ao corporizar o seu mal-estar na entidade Estado, acabasse por se sentir solidário com as políticas que aviltavam a máquina pública.
No Ministério dos Negócios Estrangeiros, assisti a uma operação de desmantelamento criterioso das estruturas que serviam os cidadãos expatriados e garantiam a capacidade mínima para dar a Portugal meios para sustentar a sua projeção e a possibilidade da máquina diplomática e consular defender os interesses nacionais na ordem externa. Assisti ao encerramento cego de estruturas consulares e diplomáticas (e à alegre reversão de algumas destas medidas, quando conveio), à retirada de meios financeiros e humanos um pouco por todo o lado, à delapidação de património adquirido com esforço pelo país durante décadas, cuja alienação se fez com uma irresponsável leveza de decisão.
Nunca lhes perdoarei o que fizeram a este país ao longo dos últimos anos. E, muito em especial, não esquecerei que a atuação dessas pessoas, à frente de um Estado que tinham por jurado inimigo e no seio do qual foram uma assumida "quinta coluna", conseguiu criar em mim, pela primeira vez em mais de quatro décadas de dedicação ao serviço público - em que cultivei um orgulho de ser servidor do Estado, que aprendi com os exemplos do meu avô e do meu pai -, um sentimento de desgostosa dessolidarização com o Estado que tristemente lhes coube titular durante este triste quadriénio.
Por essa razão, neste dia em que, com imensa alegria, os vejo partir, não podia calar este meu sentimento profundo. Há dúvidas quanto ao futuro que aí vem? Pode haver, mas todas as dúvidas serão sempre mais promissoras que este passado recente que nos fizeram atravessar. Fosse eu católico e dir-lhes-ia: vão com deus. Como não sou, deixo-lhe apenas o meu silêncio»

publicado por lino47 às 12:11
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Quarta-feira, 25 de Novembro de 2015

Daniel Oliveira

Cavaco Silva comporta-se como se pudesse dissolver o parlamento, poder que permitiu a outros presidentes negociar muitíssimo menos do que isto. As condições que impôs são ou redundantes, ou um abuso de poder ou impossíveis de garantir. Revelam má-fé. Se António Costa entra no jogo de Cavaco Silva fica refém de um cadáver político que mais não quer do que justificar a sua própria existência. Deve ser seco e rápido: os acordos estão assinados e as garantias estão dadas nos exatos termos que se conhecem. A Constituição está em vigor e por isso os tratados internacionais serão respeitados. A Assembleia da República e o futuro governo não transferem para um Presidente da República em fim de mandato (ou outro qualquer) poderes que são exclusivamente seus. Se Cavaco tem outra alternativa, que a apresente. O Presidente da República decidiu tornar Portugal refém da sua própria vaidade. É responsável por tudo o que aconteça ao País

 

Em mais uma jogada política que tem como único objetivo manter a sua própria relevância, Cavaco Silva pôs seis condições, algumas delas programáticas, para indigitar o primeiro-ministro: aprovação de moções de confiança; aprovação dos Orçamentos do Estado, em particular o Orçamento para 2016; cumprimento das regras de disciplina orçamental aplicadas a todos os países da Zona Euro e subscritas pelo Estado Português, nomeadamente as que resultam do Pacto de Estabilidade e Crescimento, do Tratado Orçamental, do Mecanismo Europeu de Estabilidade e da participação de Portugal na União Económica e Monetária e na União Bancária; respeito pelos compromissos internacionais de Portugal no âmbito das organizações de defesa colectiva; papel do Conselho Permanente de Concertação Social, dada a relevância do seu contributo para a coesão social e o desenvolvimento do País; e estabilidade do sistema financeiro, dado o seu papel fulcral no financiamento da economia portuguesa.

Aprovação de moções de confiança? É ao PS que cabe decidir se apresenta ou não moções de confiança. Se o PS não exigiu nada nesta matéria aos restantes partidos que suportam o governo é porque não tenciona apresentar moções de confiança. Não cabe ao Presidente da República substituir-se à estratégia dos socialistas. Costa não pode dar este poder próprio ao Presidente e por isso deve responder que não.

publicado por lino47 às 14:26
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Cavaco Silva/carlos Esperança

As exigências de Cavaco Silva e o onanismo presidencial

Cavaco Silva, a desfrutar os últimos momentos de prazer mediático, interrompeu o ato de indigitar António Costa como primeiro-ministro do XXI Governo Constitucional.

Esquecido das ameaças de cegueira com que os padres da sua infância o atormentaram, antes da idade da primeira ejaculação, quis fruir o prazer solitário do poder e alardear a importância que a Constituição lhe retirou no último semestre de hóspede no Palácio de Belém, quando a idade e o estatuto o desaconselhavam.

O notário da pior direita que se governou em Portugal depois do 25 de Abril, protelou a assinatura formal à indigitação do novo governo, com os mais variados pretextos, quiçá por não ter caneta, faltar-lhe a tinta, ter esgotado o livro de atas ou, apenas, porque não. Acabou a exigir ao PS, sem qualquer legitimidade, o que não se atreveu a fazer ao PSD.

Numa leitura pouco rigorosa da Constituição, sem o menor sentido de Estado, deixou apodrecer a situação política, económica e social enquanto Passos Coelho ensaiou o seu número de vencedor eleitoral e se armou em vítima.

Quem o obrigará ao deprimente espetáculo, a este número circense, à agonia lúgubre do último mandato? Só quem o chantageie pode impor-lhe um comportamento degradante com danos irreversíveis para a estabilidade financeira e democrática do País.

Que pensasse dos partidos de esquerda o mesmo que qualquer cacique reacionário de uma obscura paróquia, era uma questão ideológica; que o verbalizasse com a mesma delicadeza com que mastiga bolo-rei era um problema de educação; mas, afrontar a AR, o único órgão perante o qual o governo responde, é o défice democrático salazarista que o formatou e que quarenta anos de democracia não sararam.

Não se esperava de Cavaco Silva que terminasse com dignidade este mandato mas, por respeito ao cargo, era legítimo acreditar num módico de discernimento e decência.

Não pôde, não soube ou não quis. Limitou-se a usar um patético pretexto para pôr o seu carimbo no novo governo: «Visado pela comissão de censura».

publicado por lino47 às 13:34
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Cavaco Silva

Cavaco Silva é uma nódoa grande em quarenta anos de democracia em Portugal.
Cavaco Silva fez tanto pelo atraso de Portugal no mundo em vinte e poucos anos de responsável politico em democracia como Salazar e Caetano juntos em quarenta e oito de ditadura.
Cavaco Silva fez tanto pela emigração/exportação de jovens técnicos com cursos superiores em cerca de vinte anos de democracia como Salazar e Caetano na exportação de trabalhadores não qualificados em quarenta e oito anos de ditadura.
Cavaco Silva fez tanto para manter Portugal na cauda da Europa, no que respeita à cultura, à saúde e ao bem estar social, em cerca de vinte anos de poder em democracia como Salazar e Caetano em quarenta e oito anos de ditadura.
Cavaco Silva fez tanto pelo grande capital e pelos banqueiros em Portugal em detrimento das classes trabalhadoras durante cerca de vinte anos de reinado em democracia como Salazar e Caetano em quarenta e oito anos de ditadura.
Obrigado a Cavaco Silva e à corja que o apoiou e ajudou a fazer deste país a cloaca do mundo civilizado.
Cavaco Silva fez tanto para manter Portugal na cauda da Europa, no que respeita à cultura, à saúde e bem estar social, em cerca de vinte anos de poder em democracia como Salazar e Caetano em quarenta e oito anos de ditadura.
Parabéns a Cavaco Silva e à corja fascistoide e ignorante que o apoiou e ajudou a fazer deste país a cloaca do mundo civilizado.
Parabéns a Cavaco Silva por sair da cena política ao fim de mais de vinte anos, com o país no nível económico, cultural e social igual a trinta anos antes e com um atraso de cerca de trinta anos em relação aos outros países europeus.

publicado por lino47 às 13:32
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Domingo, 15 de Novembro de 2015

É a democracia

É A DEMOCRACIA ESTÚPIDOS
O que é que a direita ainda não percebeu sobre o funcionamento da democracia? Cento e vinte e três deputados não são mais do que cento e sete deputados?
Se após quase quarenta e dois anos de democracia instalada, ainda não perceberam isso o melhor que vocês tem a fazer é emigrar.
Eu explico tudo tim tim por tim tim de modo que até uma criança com quatro anos perceba
A Assembleia da República não é composta por dois partidos e mais cinco partidos como vocês pensam, mas sim por 230 deputados.
A direita perdeu as eleições nas urnas e a sua proposta de governo foi chumbada na Assembleia da República.
Se 107 deputados votaram a favor do Governo, mas 123 deputados votaram contra, quer dizer que o governo foi chumbado, derrubado, derrotado, acabou, finou-se, ponto.
É assim tão difícil compreender?
É difícil para vocês aceitar a democracia?
Lembram-se do queijo LIMIANO do Daniel Campelo?
Não se lembram?
Lembram-se da coligação para derrotar o governo de Jósé Socrates em 2011? Não foram cinco partidos contra um, foram 132 deputados da coligação direita/esquerda PSD/CDS/PCP/BE/PEV contra 98, do PS ou já não se lembram ?
Ainda eram pequeninos não eram?
E lá pelo jeito ficaram sempre pequeninos, pelo menos nas ideias.

publicado por lino47 às 23:12
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Carlos Esperança

O Exorcismo da Celeste (20) – Crónica semanal

Em terras da Beira, depois da guerra, a gratidão para com a senhora de Fátima, pela afeição a Portugal, estendia-se ao senhor presidente do Conselho por nos ter livrado do conflito. No Cume sobrava piedade e faltava comida. Estavam no fim os anos quarenta e os portugueses longe de começarem a ser gente.

A Celeste morava ao cimo do povo, sozinha, e cismava que se matava. Via-se que não regulava bem da cabeça e adivinhava-se a fome que a apoquentava. Suspeitaram os vizinhos de mau olhado e a ti Catrina, calhada nas benzeduras para tal moléstia, já a tinha ido visitar com outras mulheres embiocadas no xaile e os rostos sumidos na copa de enormes lenços pretos. Das conversas delas nada se disse mas ouviu-se na rua a ladainha:

«Dois to deram, três to tirarão,
foi S. Pedro e S. Paulo e o apóstolo S. João
Sant'Ana pariu Maria, Maria pariu Jesus,
assim como isto é verdade,
livre este corpo de ares, olhares e todo o mal
em louvor de Sant'Ana e Santa Iria...
padre nosso, ave-maria...»

Muitos padre-nossos e ave-marias depois, sem abrandar o mal, as mulheres mais velhas concluíram que deviam ser espíritos que atenazavam a bendita alma da Celeste, tão temente a Deus que ela era, mas nestas coisas de espíritos ruins são estes que escolhem a morada e, embora a oração lhes dificulte a entrada, está provado que não é intransponível a barreira.

A adensar a suspeita ouvia-se na habitação, durante a noite, o barulho de máquina de costura, que não havia, a trabalhar, a perturbar o sono e a aumentar a angústia. À porta juntavam-se pessoas vindas da igreja a ouvir o som que os espíritos produziam. Os poucos que não ouviram, apesar da atenção e do silêncio, conformaram-se com a deficiência auditiva e renderam-se à maioria.

O senhor padre pode ter desconfiado do diagnóstico, o Sr. António Bernardo dizia que ela não batia bem da bola, podia até ser dos espíritos, a senhora professora aconselhou um médico, que disparate, o que sabe um médico destas coisas e onde é que o há, mas o povo na sua infinita sabedoria já tinha o veredicto, eram espíritos, só podia ser, falava-se de uma avó falecida há muitos anos, a voz tinha sido reconhecida, faltaram-lhe algumas missas ao trintário na encomendação da alma, não se perde nada em benzer a casa e deixar algum latim – conformou-se, acossado, o padre Pires –, dizem-se as missas em dívida e logo se verá.

A Celeste é mulher e o destino das mulheres serem possuídas, os espíritos malignos aproveitam e, depois de entrarem, são difíceis de expulsar. É um combate para senhores párocos, ou mesmo para um reverendíssimo bispo se as posses da vítima e a malignidade o aconselham. Pouco avezado a tais pelejas, mas com habilitações canónicas e compleição adequada à luta, bem se esforça o padre a desalojá-los. Quem julgue que a força da cruz e do divino devem bastar não conhece os espíritos e o furor que transmitem às mulheres possuídas, levando à exaustão o exorcista que não raro precisa de várias tentativas para se fazer obedecer. Fracassa e fica extenuado, à primeira, o padre Pires, valendo-lhe a gemada que o aguarda com vinho e açúcar, enquanto a ceia e o breviário lhe não retemperam as forças e devolvem a serenidade.

A Celeste não melhora. Continua a ouvir vozes que desconhece, definha. Alguns dias após, no regresso do Carapito, onde tinha ido levar o viático a um moribundo, volta o padre Pires à peleja com o maligno. Pode ser que na vez anterior se tenha entupido o hissope, avariado o crucifixo ou faltado à água a bendição, quem sabe, o senhor prior não costuma partilhar as dúvidas, se dúvidas assaltam o ministro de Deus, isto é um incréu a pensar, a força da fé move montanhas, sempre ouvi dizer, a Celeste pode ter perdido a fé com a fraqueza, e sem fé não adianta, é um esforço inglório, o certo é que o senhor padre volta a entrar naquela casa, se pode chamar-se assim ao sítio, mal nunca faz, senhor eu não sou digna de que entreis na minha morada, isto é uma forma de dizer, a Celeste refere-se a Deus que está em toda a parte, mas quando vem acompanhado do seu representante há de infundir maior respeito, as pessoas humildes dizem estas coisas, o senhor padre mergulha bem o hissope, asperge-o com vigor, desenha cruzes, vai-se ao demo com o latim e as mãos, põe as pessoas a rezar o terço que a irmã Lúcia recomenda contra o comunismo, que também resulta com os espíritos, tudo obra do demo, deixa a reza para os paroquianos e sai da refrega exausto à procura da gemada com vinho, açúcar e nódoas para a batina, sem saber se os espíritos encurralados no corpo frágil obedeceram à ordem de expulsão, onde resistiam acossados à parafernália de alfaias sagradas e pias intimações.

As pessoas esperam na rua alheias ao perigo de serem apanhadas para refúgio dos espíritos em fuga. Nessa noite a máquina de costura inexistente permanece silenciosa e quieta, calam-se as vozes das almas penadas, a Celeste dorme bem pela primeira vez em muitos dias, depois da canja que lhe levaram. Se os espíritos não saíram estão debilitados.
A Celeste, com pouco alento, é certo, volta à horta e à igreja, o exorcismo resulta.

Finou-se algumas semanas depois, completamente curada e liberta de espíritos malignos.

In Pedras Soltas – Ed. 2006 (Esgotado) – Ortografia atualizada

 
 
publicado por lino47 às 16:46
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Sábado, 14 de Novembro de 2015

Verbas delapidadas

Passos Coelho e Miguel Relvas estão a ser investigados por Bruxelas por suspeitas de desvios de verbas provenientes dos fundos estruturais que tinham como destino a Formação Profissional e que foram desviados.
É bom que ninguém pense que Bruxelas meteu na gaveta do esquecimento o caso Tecnoforma, os milhares de milhões de euros que foram atribuídos a Portugal para financiar o desenvolvimento estrutural e que foi desviado para contas off-shore e para fortunas particulares, como o caso do hotel da Tocha.
É bom que ninguém pense que Assunção Cristas na Agricultura ou Pires de Lima na Economia não estejam debaixo de olho para virem a responder pelas verbas destinadas ao investimento e ao desenvolvimento e que foram consecutivamente desviadas para jaguares mesarattis, mansões, iates e vidas de luxo.
O PRODER tem sido um fartar vilanagem e Bruxelas está farta de delapidar verbas com Portugal que não são aplicadas naquilo para que são destinadas e Portugal vai ter que devolver as verbas não aplicadas ou aplicadas em proveito de escroques disfarçados de gente séria.
Como as verbas já não existem, ainda vamos ser nós os portugueses que através de aumentos nos impostos vamos ter de pagar os devaneios da classe politica.

 
 
 
publicado por lino47 às 19:16
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Passos coelho investigado

Olha tão admirado que eu estou!...

Duvido muito é que encontrem alguma coisa.

Com professores como Paulo Portas e Telmo Correia, de certeza que já destruíram ou pelo menos fizeram desaparecer todos os indícios de crime.

Mas ninguém se convença que o caso Tecnoforma está esquecido nas gavetas da UE.

Como não estão esquecidos muitos outros casos de desvio de fundos estruturais para contas off-shore e para fortunas particulares, como o caso dos cerca de três milhões de euros do hotel da Tocha.

A porra toda é que ainda vão ser os portugueses que através dos seus impostos terão de pagar a devolução das verbas a Bruxelas.

Assunção Cristas na agricultura e Pires de Lima na economia também vão ter muito que contar.

Muita gente não sabe, mas o PRODER tem sido um fartar vilanagem com projectos sem viabilidade económica aprovados para amigos e amigos dos amigos, enquanto outros projectos viáveis a serem rejeitados por serem provenientes de entidades e empresas que não se identificam com o poder reinante.

Também isso é um forte motivo para que este bando de crápulas não queira arredar pé.
publicado por lino47 às 14:15
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Sexta-feira, 13 de Novembro de 2015

Sousa e Castro

SER PRESIDENTE
SER REI
A indigitação de Passos Coelho deveria ter tido o alcance politico limitado de avaliar se a coligação de direita PAF tinha ou não condições politicas para gerar uma maioria de apoio parlamentar que sustentasse a viabilidade de um governo.
Ora Passos não tinha e sabia-o , os apoios políticos suficientes na AR para fazer passar um governo ainda que minoritário.
Deveria ter dito ao PR exactamente isso, evitando o vexame da rejeição e participar no espectáculo deprimente de algazarra politica que a direita tem em curso sem qualquer consequência , a não ser a sua própria deslegitimação ,como se verá.
Sejam quais forem as avaliações politicas do PR ele terá que chamar o líder do segundo partido mais votado e indigitá-lo PM.
O absurdo do que se passou, fortaleceu as esquerdas, tornou-as mais coesas e mais decididas a apoiar um governo PS.
A inadmissível, se bem que subreptícia chantagem que o PR exerceu sobre os deputados, tornou-os mais orgulhosos da sua fortaleza e menos propícios a traições.
Como resultado a direita remete-se a um discurso alarmista e sem tino, falando em ilegitimidade e golpadas num desacerto total com o que se deve extrair dos quadros institucionais em vigor.
Os governos em Portugal não são da responsabilidade politica do PR e este não tem que orientar ou condicionar programas ou medidas do governo.
Muito menos pode enjeitar um governo por razões programática e / ou ideológicas.
É o que obriga a Constituição que aliás foi moldada pelo PSD e PS.
Tudo o resto torna o PR num agente de instabilidade e inútil ao País no seu todo, quando deveria ser o contrário.
Ironicamente este Presidente da República tem sido e é o maior propagandista do regresso de Portugal a um Regime de Monarquia Constitucional.

 
 
publicado por lino47 às 19:24
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