Domingo, 31 de Janeiro de 2016

Para os gajos

Que cases. Que te juntes numa cerimónia religiosa e jures fidelidade defronte de um senhor de tanga pregado numa cruz. Que faças filhos. A qualquer altura. Até deixares de ser homem. Esperam de ti, homem, que saibas no mínimo mudar um pneu e que gostes de gajas. Mas só podes amar uma. Machão mas fiel. Duro mas sensível. E que saibas dar um murro. Que sejas incansável na tua função de pai, com lágrimas e dúvidas. Pai que é Pai tem de sofrer como as mulheres mas não pode saber mais que a mãe dos seus filhos. Pai que é pai arrepende-se de perguntar algo à mãe. De não perguntar algo à mãe. E ai dele se questiona a sabedoria das mães.

Esperam de ti isso e já é muito. Que qualquer manifestação de autonomia masculina é para bradar de admiração e peito cheio! Esperam que deves atrapalhar-te sozinho até o teu rebento ter dois anos. Mas se não fizeres nada em casa és menos pai. Menos capaz. Menos homem. Esperam de ti o normal. Gajo que é gajo tem de acompanhar o parto. Os outros são “machistas”. Esperam de ti a solidariedade igualitária… mas ai de ti se te vomitas ou desmaias… passas por “menina”.

Esperam que contes histórias aos teus filhos antes de adormecerem mesmo que o Português tenha sido a disciplina que tu passaste todos os anos à rasquinha. Esperam que percebas de electricidade, carpintaria e mecânica e ficam desiludidas quando, para desentupir um cano, contratamos alguém… um homem.

Esperam que elogies a roupa da mulher com quem te casas, porque é suposto amares a tua gaja, mesmo que ela pareça uma rameira. Sabes que não podes dizer nada, senão vão pensar que és um marialva nojento do tipo Câmara Pereira.

Esperam que saibas combinar minimamente a tua roupa quando sais à rua todos os dias. Como se fosses amigo do Claudio Ramos. Mas não podes saber demasiado, na volta isso já é sinal “de outra coisa” e só te falta usar brinco e gostares de “brincadeiras” com outros homens.

Esperam que estejas em forma. Mas não demasiado. Por isso não podes ir ao ginásio todos os dias. Querem-te com pêlos mas elogiam os que não têm pêlos. Isso num sábado. Noutro sábado é ao contrário. Gostam da tua careca mas perguntam se gostarias de ter mais raizes de cabelo enquanto te passam a mão pela tua testa com falso ar complacente. Esperam que as defendam se alguém se meter com elas mesmo que seja um gajo do tamanho de dois carros no meio do Cais do Sodré.

Esperam isso. Esperam mais. Que uses cremes hidratantes como elas mas não podes demorar mais tempo que elas na casa de banho antes de assentar a fronha na almofada. Que não te venhas logo. Aguenta. É suposto aguentares até ela se vir. Por isso, é preciso pensar noutras coisas. Pensa no filhos… No deficit. Não, no deficit não. Se não perdes a tusa. A tusa. Ai de ti se perdes a tusa, é porque tens outra. Não! Aguenta, se faz favor. Pensa nos teus pais, no gato da vizinha… Esmera-te. Se ela não se vir a culpa é toda tua!

Esperam isso de ti. E não convém falhares. Esperam que tenhas sempre vontade de pinar mas não em demasia. Todos os dias. Esperam de ti pouco “rasgo”. Se lhe deres demasiado, vão queixar-se demasiado. Ser maroto ainda vá. Dar palmadas é evitável. Não esperam que sejas como um grande actor porno ou que gostes demasiado de dirty talkin. Vais pinar com amor mas com mais qualquer coisa que não seja só a posição de missionário. Esperam de ti a dignidade. Tens de ser meiguinho mas não totó. Que sejas forte mas não um bruto. Esperam que sejas isto. Senão tás-te a cagar que ela seja feliz.

 
 
publicado por lino47 às 15:33
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Quarta-feira, 27 de Janeiro de 2016

A preocupação de António Costa

As preocupações de António Costa.

O grande derrotado da noite eleitoral não foi Maria de Belém, Jerónimo de Sousa, Edgar Silva. Não. A acreditar na maior parte da comunicação social o maior derrotado da noite foi o primeiro-ministro, António Costa. Sim, sim. Nem deve ter dormido ontem à noite.

Para o “Diário de Notícias”, o jornal “i” e o “Jornal de Negócios”, António Costa está entre os grandes derrotados da noite. Para o DN porque “não conseguiu travar a pulverização de candidaturas à esquerda, duas delas com fortes apoios no seu partido”; para o “i” porque “perdeu as regionais na Madeira, as legislativas de outubro e, agora, as presidenciais”; e para o JN porque “a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa é o pior de todos os resultados para o líder do PS e atual primeiro-ministro”.

Se os meus ilustres camaradas de profissão o dizem é porque deve ser verdade. Permito-me, contudo, propor que se olhe para o problema de maneira diferente. E para sistematizar, que o façamos em sete pontos.

1) Depois de se confirmar que António Guterres não seria candidato e que António Vitorino também não avançaria, não havia nenhuma personalidade da área socialista que estivesse em condições de bater a notoriedade e a popularidade de Marcelo Rebelo de Sousa. Não gastar armas e energias numa batalha perdida costuma caracterizar os grandes estrategas.

2) Como é óbvio, Costa não dispunha de nenhum poder para impedir a proliferação de candidaturas à esquerda, a não ser que tivesse o ás de trunfo (Guterres). Não o tendo, não só se desinteressou da eleição (sobretudo a partir do momento em que Marcelo Rebelo de Sousa se afirmou como o único candidato do centro-direita), como era inevitável a tal pulverização de candidaturas à esquerda que, lembre-se, é uma constante desde que há eleições presidenciais livres em Portugal. Outra constante é o facto de o vencedor ser sempre encontrado logo à primeira volta – com a exceção muito especial das eleições de 1986.

3) Marcelo passou a campanha a fazer declarações de amor ao Governo PS e a deitar água na fervura em todos os dossiês polémicos, passando sucessivos atestados de responsabilidade ao Governo e afastando qualquer hipótese de, assim que se sentar em Belém, dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições. Além do mais, Marcelo, como mostrou o seu discurso de vitória, pretende ser um Presidente inclusivo, não discutindo uns votos em detrimento de outros e pretendendo sarar as feridas e as clivagens abertas pelos quatro duríssimos anos de austeridade e sustentando mesmo a necessidade do país apostar no crescimento, palavras que seguramente devem ter desagradado mais a Passos Coelho do que ao primeiro-ministro. Por que é que a sua eleição há de ser o pior de todos os resultados possíveis para Costa?

4) Além do mais, Marcelo não era o candidato que Passos Coelho defendia e não lhe ficou a dever nada nesta campanha, pelo que não tem de lhe pagar favores. É um dos presidentes mais livres que, desde 1974, alguma vez esteve em Belém. E quer na campanha eleitoral quer no seu discurso de vitória distanciou-se claramente da política de austeridade seguida por Passos. Um Presidente da República que não aprecia o presidente do maior partido da oposição (e que sabe que este lhe paga na mesma moeda), que não é entusiasta das políticas que ele seguiu e que claramente se orienta pelos princípios sociais-democratas que caracterizaram o PSD até Passos o levar para uma deriva ferozmente neoliberalista, não é seguramente um grande incómodo para António Costa.

5) A estrondosa derrota de Maria de Belém é também uma excelente notícia para o líder do PS e primeiro-ministro. A ex-presidente do partido, vários notáveis que estão contra a atual fórmula de Governo e os seguristas juntaram-se numa candidatura destinada a tentar causar sérios problemas a António Costa, a desgastá-lo e, em última instância, a obrigá-lo a resignar. Saiu-lhes o tiro pela culatra. Maria de Belém começou mal e acabou pior. A sua candidatura nasceu contra o apoio que o secretário-geral do PS tinha dado informalmente a António Sampaio da Nóvoa e não tinha mais nada para a justificar perante os portugueses. Foi por isso perdendo gás e a machadada final foi o caso das subvenções, onde a candidata perdeu definitivamente a sua honra republicana. Com tudo isto, António Costa bem pode continuar a perder eleições, desde que se mantenha como primeiro-ministro, porque durante muito tempo não se ouvirá falar de oposição interna no PS.

6) O excelente resultado de Marisa Matias também não é uma má notícia para Costa. O Bloco de Esquerda tem sido um partido mais responsável e sólido no apoio ao Governo do que o PCP, ao contrário do que se esperava. Este resultado demonstrará a Catarina Martins e aos seus pares que este posicionamento é premiado pelos eleitores, em vez de grandes declarações ditirâmbicas ou atos radicais que acabam por afastar os cidadãos que veem com muita simpatia este “novo” BE – pelo que se pode esperar que os bloquistas continuarão a ser um apoio sólido do Governo nos momentos parlamentares decisivos. Mas há mais. É que apesar do excelente resultado, ele repete, na prática, o que o Bloco obteve nas últimas legislativas. Ou seja, o Bloco não cresceu – e isso é, para já, uma preocupação a menos para Costa.

7) Finalmente, a última boa notícia para Costa da noite eleitoral é a derrota quase humilhante de Edgar Silva, uma aposta do líder comunista, Jerónimo de Sousa. O PCP podia facilmente ter apoiado Sampaio da Nóvoa. Preferiu ir por outro caminho. Jogou e perdeu muito. É claro que há sempre o risco do desespero e de o PCP querer vir a ganhar nas ruas a influência que está a perder nas urnas. Mas quem sair agora do barco que Costa colocou a navegar dificilmente não será penalizado em eleições antecipadas – pelo que o PCP pensará muito maduramente antes de rasgar o acordo que assinou com o PS.

Digamos, portanto, que as notícias de que Costa foi um dos grandes perdedores da noite me parecem manifestamente exageradas. Só o futuro, contudo, dirá quem tem razão. Marcelo é imprevisível mas não é de grandes confrontos e abruptas clivagens. Tanto ele como Costa são duas velhas raposas da política portuguesa, que se conhecem bem, o que lhes permite antecipar com alguma razoabilidade o que cada um vai fazer a seguir.

Uma coisa é certa: a partir de agora, o Governo PS não terá em Belém um presidente ressabiado e pronto a fazer tudo para lhe dificultar a vida. E isso muda quase tudo nas relações entre o Palácio de Belém pintado verdadeiramente de laranja e São Bento engalanado nos tons de rosa originais.

PS – Uma última nota para Sampaio da Nóvoa. Fez uma campanha sempre a crescer, com intervenções políticas cada vez melhores e mais consistentes. Foi o único que tirou Marcelo do sério e o obrigou a explicar-se politicamente, tendo ganho claramente esse debate ao novo Presidente da República. E o discurso de derrota que proferiu, sem ressabiamentos e reconhecendo Marcelo como presidente de todos os portugueses, fez dele claramente o vencido mais vencedor da noite.

publicado por lino47 às 14:01
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Terça-feira, 26 de Janeiro de 2016

A minha opinião

ESTA É A MINHA OPINIÃO:
António Costa, enquanto Secretário Geral do Partido Socialista fez aquilo que devia ser feito.
Não tendo no PS um candidato suficientemente forte para fazer frente a Marcelo Rebelo de Sousa, nem de perto nem de longe, não quis e muito bem, hipotecar o partido ao apoiar um candidato fraco e sem carisma. Aconselhou os militantes a apoiar quem quisessem e quem achassem que estava dentro das sua espectativas e foi isso que os militantes fizeram.
Se as espectativas dos militantes saíram goradas não podem agora os mesmos culpar António Costa pelo descalabro, uma vez que António Costa foi o único que teve visão estratégica.
É tipico de pessoas sem carácter, arrivistas que entraram no PS pela porta lateral e agora querem usar a seu bel-prazer a porta da frente.
Tinha o Dr Vera Jardim assim como o Dr Alberto Martins noutra consideração, mas enfim como dizia o tipo da anedota, uma vez ou outra na vida todos temos o direito de nos enganarmos.
Não me admiro da Dra Ana Gomes, no Dr João Soares, Francisco de Assis, Dr Alvaro Beleza ou António José Seguro que esses sim são do tipo cata-vento.
Alvaro Beleza, Ana Gomes ou Vera Jardim e os outros que não tem a dignidade necessária para mostrar a cara, não podem vir agora a terreiro defender com choradinhos que António Costa perdeu as eleições presidenciais por erro de cálculo e que o PS devia ter integralmente apoiado Maria de Belém.
Os desviantes do PS já deviam ter tido tempo de aprender que as candidaturas desviantes com Manuel Alegre ou Salgado Zenha deram sempre mau resultado, ou não deram resultado nenhum a não ser negativo.
António Costa é e continuará a ser se não mudar de rumo, o homem com o carácter necessário para restaurar a confiança num partido forte e que se estava a deixar enrolar num esquema pouco claro e que estava mais interessado a inclinar-se para a direita do que que a manter a verticalidade democrática.

publicado por lino47 às 22:24
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Segunda-feira, 25 de Janeiro de 2016

PRESIDENTES

QUANTO CUSTA UM PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Vamos aos (Ses).
Se a Presidência da República gasta anualmente cerca de 22 milhões de euros porque sempre teve presidentes a gastar à tripa forra ou à grande e à francesa em viagens para eles e para as suas Marias com os respectivos séquitos carregados de presentes para oferecer aos seus anfitriões:
Se as Marias gastavam dinheiro à larga com um gabinete próprio com funcionárias e funcionários para todo o serviço (salvo seja) onde recebiam as madames e ofereciam banquetes e chás canasta a tudo quanto era alta sociedade:
Se este recém chegado presidente não é casado e não há primeira dama, quanto irá poupar o orçamento de Estado por não haver banquetes, chás canasta, pasteis de Belém, beberetes, caterings e presentes oferecidos às primeiras damas dos outros países?
No próximo ano veremos quanto foi poupado pela Presidência da República.
Se virmos que estes dez anos de cavaquismo presidencial custaram ao país 220 milhões de euros e vão continuar a custar ainda a reforma, casa, carro, vários motoristas, gabinete com dezenas de funcionários, segurança privada e policia à porta 24 horas por dia.
Não é tempo de alterar a constituição, acabar com o regime presidencialista e passar para o regime parlamentarista.
Senão vejamos:
Temos um parlamento de 230 deputados eleitos pelo povo.
Temos um governo eleito pela maioria dos deputados, temos o Tribunal Constitucional!...
Para que é que precisamos de um capataz ou de um árbitro que nos custa 22 milhões de euros por ano mais os custos com a palhaçada que é a sua eleição?

publicado por lino47 às 16:24
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